Quando se fala em terceira idade, a primeira imagem que vem a mente de muitos é a de uma senhora encurvada e de passos lentos que, invariavelmente, necessita de apoio para caminhar e que se encontra muito abaixo do seu peso ideal.
Ledo Engano.
A figura da pessoa idosa repleta de limitações físicas, embora usual, é cada vez menos freqüente. Mas se esta representação é INCORRETA para representar esta população, ela é bastante ADEQUADA para compreendermos QUEM é o idoso FRÁGIL.
![](https://static.wixstatic.com/media/211655_a5f17046cf3140df86ffd2fa830d5630~mv2.jpg/v1/fill/w_884,h_608,al_c,q_85,enc_auto/211655_a5f17046cf3140df86ffd2fa830d5630~mv2.jpg)
E por que é tão importante reconhecer a FRAGILIDADE FÍSICA em nossos pais e avôs?
Por que quem é frágil vive menos.
Quem é frágil vive pior e interna mais (e por mais tempo).
O idoso frágil é MAIS VULNERÁVEL a doenças agudas como uma pneumonia, por exemplo. Seu organismo tem MENOR CAPACIDADE para combatê-las e, por isso, MAIOR DIFICULDADE em manter ou retornar ao seu estado de equilíbrio habitual.
Em outras palavras:
É pouco provável que uma PESSOA SEM FRAGILIDADE acometida por uma infecção fique confusa ou caia e frature o fêmur. O organismo da pessoa tem uma “RESERVA” para enfrentamento de novos problemas de saúde que possam surgir.
Já o organismo de um IDOSO COM FRAGILIDADE “opera” muito próximo da sua capacidade máxima. Ou seja, este DELICADO EQUILÍBRIO ainda permite o funcionamento adequado de seus órgãos e a manutenção de sua independência. Porém, por estar quase no seu “limite de funcionamento”, qualquer pequeno estresse físico – como uma infecção urinária – pode ser o “estopim” para desestabilização de sua saúde.
E isto pode se manifestar de diversas maneiras tais como quedas, episódios de confusão ou descompensação de doenças prévias como Insuficiência Cardíaca, Doença de Alzheimer, Diabetes, DPOC etc.
E, assim, o IDOSO FRÁGIL com a deterioração da sua saúde tem maior chance de se tornar dependente.
Se antes ele era independente para se vestir e tomar banho, agora pode necessitar de ajuda. Se antes ele cuidava da administração de seus medicamentos e cuidava do seu próprio dinheiro, agora ele mal consegue se levantar da cama sem ajuda. Embora FRAGILIDADE não seja sinônimo de INCAPACIDADE, é uma das principais causas de comprometimento das atividades da vida diária.
A FRAGILIDADE FÍSICA se caracteriza por uma tríade:
- Sarcopenia (perda de massa e força muscular);
- Disfunção imunológica (com aumento de inflamação sistêmica);
- Desregulação neuroendócrina (déficit de alguns hormônios e aumento excessivo de outros)
Quanto mais avançado o estado de FRAGILIDADE, menor a chance de reversibilidade do quadro. Sim, casos mais avançados podem não ser passíveis de tratamento.
Como a fragilidade é uma condição que surge gradualmente, o principal foco é sua identificação e tratamento precoces bem como, idealmente, a sua prevenção.
Embora na FRAGILIDADE exista deficiência de alguns hormônios como o hormônio do crescimento e testosterona, sua suplementação não só não é recomendada como procedimento de rotina como também pode provocar danos como:
- Dores musculares e nas articulações;
- Maior incidência de diabetes e colesterol alto;
- Retenção de líquidos etc.
Dessa maneira, o foco na prevenção e tratamento deve ser principalmente o EXERCÍCIO FÍSICO resistido, objetivando ganho de massa e força muscular. O exercício também traz benefícios a imunidade bem como regula melhor nossa produção de hormônios.
Também é indispensável uma intervenção dietética adequada com uma dieta rica em proteínas.
QUER SABER MAIS?
Leia nosso texto sobre SARCOPENIA:
Referências:
- J Am Geriatr Soc. 2006 Jun;54(6):991-1001
Research agenda for frailty in older adults: toward a better understanding of physiology and etiology: summary from the American Geriatrics Society/National Institute on Aging Research Conference on Frailty in Older Adults
- Fisioter. Pesqui. vol.26 no.2 São Paulo Apr./June 2019 Epub July 18, 2019
Efeitos do exercício físico em idosos fragilizados: uma revisão sistemática
- Frailty Screening and Interventions: Considerations for Clinical Practice
Clin Geriatr Med. 2018 Feb; 34(1): 25–38. doi: 10.1016/j.cger.2017.09.004
- Consenso brasileiro de fragilidade em idosos: conceitos, epidemiologia e instrumentos de avaliação
Geriatr., Gerontol. Aging (Impr.); 12(2): 121-135, abr.-jun.2018.
- Síndrome da Fragilidade e suas especificações:
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